Os bons e os maus políticos

Estamos nos aproximando das eleições. Os candidatos estão aí apresentando as suas idéias. Eles estão prometendo uma porção de coisas, mas a gente sabe que depois que forem eleitos muitas destas promessas cairá no esquecimento.

Existem candidatos que nunca fizeram nada para ninguém, que sempre passaram por cima de todo mundo. Agora, de repente, ficaram bonzinhos, então distribuindo dinheiro e querem ajudar todo mundo.

A política, ultimamente, virou um meio de vida para muitos. Há pessoas ficando ricas com o poder, ganhando sem trabalhar, corrompendo e sendo corrompidas. Por causa disso, desses aproveitadores, os políticos caíram em descrédito, a ponto de muitos não quererem saber nada de política, considerando-a uma coisa feia, suja e imoral.

A política em si não é uma coisa má. A política é necessária. Ela faz parte da democracia. A política é o processo de escolha dos candidatos a algum cargo eletivo. É a discussão e apresentação das idéias e propostas de trabalho de um candidato.

Embora existam políticos mal-intencionados, interessados apenas em se aproveitar do cargo, existem muitos políticos honestos, que lutam e fazem de tudo para se desincumbir de sua tarefa. Por isso, ao criticar os políticos, devemos ter o cuidado para não generalizar, a fim de não cometer injustiça aos bons políticos.

Mas, como distinguir o bom político do mau político?

Para se conhecer um político é preciso que se conheça a sua vida, o seu passado e as idéias que ele defende. O bom político é aquele que é o mesmo, tanto na época das eleições como fora das eleições. É aquele que sempre está ao lado do povo, procurando conhecer as suas necessidades e defendendo os seus direitos. Certos políticos são iguais a um cometa: só aparecem na época das eleições para pedir voto, depois desaparecem.

Deve-se também tomar cuidado de não votar naqueles políticos que na época das eleições distribuem dinheiro, material de construção, jogo de camisa, óculos, dentadura, depois fazem de conta que nem vêem mais ninguém. Os que agem assim querem chegar ao poder para depois se aproveitar do cargo. Ninguém dá nada de graça na política.

Existem pessoas que condenam a política, dizendo que é coisa do diabo. Para essas pessoas tudo o que existe no mundo não presta, pois tudo é do diabo. Essa, porém, é uma concepção errada do mundo. O mundo em si não é mau e nem é do diabo. O mundo é de Deus, ele foi feito por Deus e é governado por Deus. Lemos no Salmo 24: “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que ela contém, o mundo e os que nele habitam”.

A Bíblia fala muito em política, tanto no Antigo com no Novo Testamento. Não só fala em política, como também ordena obedecer às autoridades que foram eleitas. Lemos, por exemplo, em Romanos 13: “Todo homem esteja sujeito as autoridades superiores, porque não há autoridade que não procede de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas”.

Assim, o cristão não deve abster-se do processo eleitoral, mas procurar escolher os candidatos certos para os cargos que devem ser preenchidos. No meio de tantos candidatos sempre é possível encontrar alguém correto, sincero e honesto.



Lindolfo Pieper  - Jaru, RO – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Lições no Iraque


Quando os Estados Unidos invadiram o Iraque em 2003, busquei na parábola do joio a sabedoria de Jesus para dizer que George Bush cometia um grande erro. Foi no artigo “o joio e a guerra”, editado no Diário Popular de Pelotas. Na famosa estória, os empregados perguntam ao patrão: “O senhor quer que arranquemos o joio?” A resposta vem logo: “Não, porque quando vocês forem tirar o joio, poderão arrancar também o trigo” (Mateus). Sete anos depois os soldados americanos deixam o Iraque, e nas areias do deserto, o trigo queimado junto ao joio – a vida ceifada de 100 mil civis, 13 mil soldados iraquianos, 4 mil e 446 soldados americanos, além de 40 mil feridos e um rastro de destruição e de incertezas.


Vejo algo semelhante acontecendo no âmbito religioso, numa guerra entre a moralidade e a imoralidade, entre a justiça e a iniquidade. Em meio às ameaças, o grande perigo é invadir o território do outro com armas humanas e truculentas. Igual à espada de Pedro que arranca a orelha do soldado. “Você não sabe que, se eu pedisse ajuda ao meu Pai, ele me mandaria agora mesmo doze exércitos de anjos?” (Mateus 26.53). As palavras do Senhor deveriam acalmar a ânimo dos discípulos, que, no anseio de resguardar a ordem moral, podem desprezar o poder do Evangelho. A grande missão da igreja sempre foi evangelizar, e não moralizar. Diante disto, a parábola mereceu explicação de quem a proferiu: “Quem semeia a boa semente é o Filho do Homem. O terreno é o mundo. A boa semente são as pessoas que pertencem ao Reino, e o joio, as que pertencem a Satanás. O inimigo que semeia o joio é o próprio Diabo. A colheita é o fim dos tempos, e os que fazem a colheita são os anjos” (Mateus 13.37-39). Portanto, basta ao discípulo ser a boa semente. Que germine, cresça e frutifique. E a colheita? Esta será feita pelos anjos...


Separar o joio do trigo antes da hora é colher a injustiça no lugar da justiça, o ódio no lugar do amor, a lei no lugar do evangelho. É uma volta parecida com a dos soldados americanos.
  
Marcos Schmidt  - pastor luterano