Aborto de Anencéfalos




Foi aprovado pelo Supremo Tribunal Federal o aborto de anencéfalos. Oito votos favoráveis e dois votos contrários. A partir da publicação dessa decisão as mulheres que descobrirem que seu nenê não tem o cérebro completo, poderão interromper a gravidez, tirando a vida do feto.

O que mais pesou para se chegar a essa decisão foi a análise do sofrimento da mãe. Tanto que a Lei prevê que justamente a gestante e tão somente ela, poderá e deverá decidir se a vida do feto será interrompida ou não.

Sinto que há grande proximidade dos argumentos pró-aborto de anencéfalos com os utilizados a favor da eutanásia. Os favoráveis apontam para o sofrimento de quem acompanha e da própria pessoa. Mas insisto em um argumento brutal, onde afirmo que não se acaba com o sofrimento matando os sofredores. Entendo que justamente ali está a oportunidade de aumentar o amor e o cuidado.

A decisão do STF relativiza a Vida.

Por isso pergunto: Como medir essa situação do sofrimento? Quando o sofrimento permite acabar com a vida? Quantos sofrem dores emocionais e pedem pelo fim de sua vida - aprovaríamos isso?

No caso dos anencéfalos argumenta-se ainda que a possibilidade de vida é pequena. Mas será que não há dignidade em viverem apenas alguns minutos? O dom da vida não está ligado ao tempo de vida! Por isso todos têm o direito e o dever de cuidar durante os poucos dias, semanas, meses ou anos que estamos com nossos filhos e depois sepultá-los dignamente.

Em outras épocas algumas civilizações descartavam crianças com outras deficiências. Desejo que essa decisão não abra precedentes para que o egoísmo floresça e frutifique em extermínio de crianças por motivos banais!

Quero deixar claro que não consigo mensurar a dor dos pais que descobrem que seu filhinho(a) não tem cérebro. Compreendo que não é uma situação banal. Porém a Vida pertence a Deus. Ninguém tem o direito de interrompê-la. Não somos autônomos nem mesmo com a nossa própria existência – muito menos com a de outrem, menos ainda com a de um feto que não pode defender-se de nada.

Independente das leis aprovadas, precisamos continuar zelando e cuidando a vida. Pois antes importa obedecer a Deus do que aos homens (At 5.29). Sabemos que nosso Deus, Criador, nos acompanha desde a concepção, nos viu desde quando estávamos sendo formandos na barriga de nossa mãe (Salmo 139); e que a Verdadeira Páscoa, onde Jesus ressuscitou, nos ensina que nosso salvador não deseja interromper a vida, mas garanti-la eternamente.

Concluo convidando os leitores a pesquisarem e conferirem no youtube o depoimento de pais de uma menina anencéfala que recebeu o nome de Vitória de Jesus – o título é “Pais testemunham a sua fé”. Também é possível acompanhar o discurso e o voto de cada um dos ministros.



Pastor Ismar L. Pinz


Comunidade Luterana Cristo Redentor

Três Vendas, Pelotas, RS.

Mensagem da Páscoa 2012 - IELB


Semana Santa








Na Fila da Morte

A história de um jovem atirando e matando em uma universidade não é novidade. Porém o fato novo é a declaração de que o assassino teria organizado uma “fila” das vítimas. Isso ocorreu em uma pequena Universidade dos Estados Unidos.

Imaginem a angústia daqueles que estavam nessa fila!

A verdade é que podemos comparar nossas vidas como que numa fila para a morte, de forma que a cada dia, certamente nossa vez vai se aproximando.

A diferença é que não precisamos andar nesta fila angustiados e temerosos. Isso porque num domingo do primeiro século Jesus ressuscitou. Ele que fora crucificado na sexta-feira anterior, voltou à vida e transformou a profunda angustia da morte em esperança.

Jesus já havia ressuscitado outras pessoas, como a filha de Jairo (Mc 5), e um amigo íntimo chamado Lázaro (Jo 10). Aliás, esse tal de Lázaro já tinha sido sepultado há quatro dias.

Mas no Domingo da primeira Páscoa do Novo Testamento, Jesus não venceu a morte de um homem apenas, mas arruinou o poder da Morte. Assim está escrito em 1 Co 15.56: O que dá à morte o poder de ferir é o pecado. Em sua morte, Jesus tomou sobre si o nosso pecado. E Ele, mesmo sem ter pecado algum, sofreu a maldição da morte (Gl 3.13), para pagar por todos os pecados e vencer a morte com a ressurreição.

Apesar da obra da redenção estar consumada, continuamos na fila, e nos aproximamos todos da nossa morte, porém, os que creem em Jesus não precisam se angustiar, pois eles receberam a promessa de que não sofrerão a Segunda Morte.

Mas o que é essa Segunda Morte? É a eterna angústia da condenação (Ap 20.14)!

Por isso poderíamos repetir o famoso versículo de João 3.16 escrevendo: porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo o que nele crer, não pereça (sofra a segunda morte), mas tenha a vida eterna.

Davi escreveu: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo (Sl 23.4).”

Ainda que estejamos na Fila da Morte, não teremos medo de nada, pois já temos a Vida Eterna, e a presença consoladora para cada passo de nossas vidas já aqui nessa Grande Universidade que é a nossa vida.
Pastor Ismar L. Pinz
Comunidade Cristo Redentor, Pelotas, RS.

Dívida cristã


  Acompanhei pela Rede Record as graves denúncias contra Valdomiro Santiago – o apóstolo da Igreja Mundial. Ele é acusado pela Igreja Universal de enriquecimento ilícito com dinheiro dos fiéis. Um tipo de acusação que também existe contra a própria igreja do Edir Macedo. É disputa religiosa ao vivo e a cores, concorrência que aparece até em classificados de jornal, conforme anúncio de emprego para pastores em Curitiba. A vaga era para trabalhar na Igreja Global do Poder de Deus, e os interessados deveriam ser pastores das igrejas Universal do Reino de Deus ou Mundial do Poder de Deus. Como já escrevi, a lama respinga em todo o cristianismo.

  O Evangelho no próximo Domingo na Quaresma (Marcos 10.35-45) lembra que a busca por poder religioso já era uma tendência no início da cristandade. Os irmãos Tiago e João pediram para sentar-se ao lado de Jesus, no trono do “reino glorioso”. Os outros discípulos ficaram incomodados e deu a maior confusão. “Entre vocês não pode ser assim”, apaziguou o Senhor. “Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros”. Registros deste “não pode ser assim” estão por toda a Bíblia – histórias de profetas, sacerdotes, reis, discípulos que usaram a sua autoridade e credenciais para obter vantagens pessoais. Mas o final também está descrito, num indicativo claro que no assunto “justiça divina” não há impunidade. “Tudo isto aconteceu com os nossos antepassados”, lembra Paulo, “a fim de servir de exemplo (...) Portanto, aquele que pensa estar de pé é melhor ter cuidado para não cair” (1 Coríntios 10.11,12).    

  Se estas igrejas, bispos, apóstolos e pastores são tudo isto conforme denúncias, que a polícia faça a sua parte, pois “somente os que fazem o mal devem ter medo dos governantes” (Romanos 13.3). Enquanto isto vale a recomendação: “Não fiquem devendo nada a ninguém. A única dívida que vocês devem ter é a de amar uns aos outros” (Romanos 13.8).
   
Marcos Schmidt - pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

BÍBLIA - Programa CPT


Distinção feminina


  Assisti na tevê a história do casal homossexual de Pernambuco que buscou a fertilização in vitro para ter uma filha. Um doou o sêmen e o outro recebeu ajuda da prima através da reprodução assistidaÉ a primeira criança brasileira que tem dupla paternidade no seu registro de nascimento. Segundo o juiz que deu o parecer, importa o afeto dos pais e não o sexo deles. Mas estudos comprovam que para o desenvolvimento sadio e completo da criança, é fundamental o afeto e o papel do pai e da mãe – produto escasso nestes tempos em que “todo o amor é válido” e explica a rebeldia infantil e a agressividade dos jovens.

  A polêmica interessa às mulheres, sobretudo na reivindicação do que é delas nesta estranha “dupla paternidade”. Está lá a prima para comprovar o que é obvio, que “nem a mulher é independente do homem, nem o homem é independente da mulher. Porque assim como a mulher foi feita do homem, assim também o homem nasce da mulher” (1 Coríntios 11). No começo de tudo o Criador já tinha pronunciado: “Não é bom que o homem viva sozinho. Vou fazer para ele alguém que o ajude como se fosse a sua outra metade” (Gênesis 2.18). Outra versão usa a palavra “auxiliadora” (ézer no hebraico). Vale dizer que das 20 vezes que o termo aparece no Velho Testamento, 17 se referem a Deus e 3 vezes à mulher. Isto cala os machistas que usam o texto bíblico para provar a inferioridade feminina. Se isto é verdade, Deus também é inferior. Por isto o conselho quando o assunto é família: “Sejam obedientes uns aos outros (...) Esposa, obedeça ao seu marido como você obedece ao Senhor (...) Marido, ame a sua esposa, assim como Cristo amou a Igreja (...) Filhos, respeitem o seu pai e a sua mãe” (Efésios 5 e 6). E neste Dia da Mulher vale lembrar que “a formosura é uma ilusão e a beleza acaba, mas a mulher que teme o Senhor Deus será elogiada. Dêem a ela o que merece por tudo o que faz” (Provérbios 31).
  
Marcos Schmidt - pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

OS GESTOS NO CULTO

O culto divino é a adoração viva e visível do povo de Deus. Nele o corpo inteiro se manifesta através de gestos e voz. Sem eles nossa adoração não teria vida nem alegria. O que significam os gestos que usamos no culto? Segue uma pequena contribuição.

Inclinação: A inclinação da cabeça é sinal de respeito e reverência de quem se aproxima do lugar mais sagrado, o altar e o santuário. É um ato de aquietar-se, para ouvir Deus falar. A inclinação também é indicada para as orações, para receber a Santa Ceia e para receber a bênção final.

O sinal da cruz: No culto vemos o pastor fazendo o sinal da cruz sobre os elementos da Santa Ceia e também na bênção final. Mas em meios luteranos, fazer o sinal da cruz sobre si mesmo é pouco usado. Mas não é errado usa-lo. Pelo contrário, pode ser uma bela forma de demonstrar a nossa fé na Santíssima Trindade. O sinal da cruz é de origem apostólica e era aplicado no Batismo, na Santa Ceia e na vida diária do cristão. Além disso, Lutero recomenda faze-lo no início de nossas orações diárias. E como se faz o sinal da cruz? Quando é o ministro fazendo sobre a congregação o traço é de cima para baixo e da esquerda para a direita. Quando é cada fazendo um sobre si mesmo é da testa ao peito, depois do lado direito para o esquerdo.

O levantar-se: O estar em pé expressa respeito e honra a Deus, que se faz presente entre nós por meio de Palavra e Sacramentos. Expressa também prontidão para ouvir a Deus e disposição para obedecê-lo. É a posição própria para ouvir o evangelho e para orar. Quando o pastor se coloca diante do altar para iniciar o culto a congregação pode se colocar de pé, para mostrar respeito e dignidade ao culto que vai começar.

Do assentar-se: É a posição de ensino, que expressa acolhimento e meditação. Sentamos para ouvir a pregação, para acolhê-la no coração.

Do juntar as mãos: É um gesto de recolhimento, reverência, confiança e entrega da vida. Ele é próprio para as orações, pois ajuda na concentração e lembra o desprendimento das coisas do mundo. Mas não é a única forma de oração.

Mãos erguidas: A Bíblia menciona este gesto como forma de súplica e entrega a Deus (Sl 141.2, Sl 143.6; 1 Tm 2,8). Ele expressa nosso agradecimento a Deus e o reconhecimento de que as bênçãos vem do alto, ou seja de Deus. É um gesto apropriado para as orações. E o fato de o Pai-Nosso ter uma forte ênfase nas petições, uma boa sugestão é orá-lo de mãos erguidas.

Da imposição das mãos: É usado no batismo, confirmação, casamento, instalação e ordenação de ministros, bem na bênção final do culto. É sinal de bênção e transmissão do dom do Espírito Santo. Jesus impôs sua mão sobre as pessoas para abençoá-las e curá-las.

Genuflexão: É o ato de curvar ligeiramente os joelhos. É um gesto de reverência recomendado quando nos aproximamos do altar, para o Batismo e para a Santa Ceia.

O silêncio: O silêncio é uma bela forma de demonstração de respeito. Ele ajuda na concentração e é próprio para a meditação. É fundamental que, para iniciar o culto, haja um momento de silêncio. O andar do culto pode ter pequenos momentos de silêncio, como por exemplo depois das leituras para meditar no que o Senhor disse. Outro momento de silêncio pode ser durante a distribuição da Santa Ceia, quando, por exemplo, não há acompanhamento musical para a congregação cantar um hino.

Do ajoelhar-se: É Um gesto que expressa humildade, arrependimento, respeito, adoração, entrega e consagração. Pela dificuldade que se tem em fazer toda a congregação se ajoelhar, é pouco usado. É recomendado para a confissão de pecados, para as cerimônias de ordenação e instalação de pastores, para bênçãos e votos especiais como casamento e confirmação. Em algumas congregações se recebe a Santa Ceia de joelhos. É recomendada também para as orações individuais.

É fundamental que estes ou outros gestos estejam permeados pela reverência e respeito ao culto divino e a casa de Deus.

Pastor David Karnopp